quinta-feira, 8 de maio de 2008

Entrevistas feitas alguns elementos da comunidade escola.

No âmbito da Área de Projecto com o tema Bullying, decidimos realizar uma entrevista a alguns elementos da comunidade escolar com vista a perceber melhor a relação destes com a problemática.
Os elementos escolhidos para a realização da entrevista foram: Uma funcionária – Elisabete Silva; Uma Psicóloga – Dra. Fátima Sequeira; Uma assistente social – Márcia

Elisabete Silva

Profissão: Funcionária

1. É frequente na escola haver casos de Bullying em que seja necessária a intervenção dos funcionários?

Não conheço casos graves de Bullying nesta escola, só os habituais. Casos de Bullying há em todo lado seja dentro ou fora da escola.

2. Acha que é bastante notório a discriminação, caso exista, por parte dos alunos mais velhos em relação aos mais novos?

A descriminação mais notória nesta comunidade escola, é o aspecto físico que determinados alunos têm, como a maneira de vestir e o estatuto social a que pertencem. Mas, mesmo assim, já houve mais este tipo de discriminação do que actualmente, antigamente era impensável ver um rapaz com maquilhagem ou pessoas góticas. Este problema, tem mais a ver com o impacto inicial que as pessoas sofrem negativamente. Com o tempo, os alunos vão-se habituando e este tipo de descriminação vai diminuindo. O mesmo tipo de descriminação já eu sofri, quando no inicio os alunos começaram a chamar-me Shorty e os meus colegas e professores, criticavam argumentando que era uma falta de respeito para comigo.

3. Conhecendo bem os alunos, e mantendo uma boa relação com estes, conviverá certamente com membros da AE. Acha que os membros da AE desempenham um papel importante na prevenção deste problema?

Eu acho que não. A verdade seja dita, os jovens de hoje em dia, já não dão importância a essas coisas, dando mais valor a outras. A associação de estudantes já deu o que tinha a dar.

4. Que papel desempenharão os funcionários na prevenção ou apaziguamento desta situação na comunidade escolar?

Tentamos conversar calmamente com os alunos e tentamos mostrar-lhes que somos todos iguais.

5. Acha que a escola possui características e capacidades humanas capazes de contrariar este problema?

Sim.


Dra. Fátima Sequeira

Profissão: Psicóloga

1. No seu trabalho de psicóloga, já teve que lidar com algum caso de Bullying?

Em termos físicos, não houve nenhum caso de alunos que por auto-determinação tivessem procurado ajuda, no entanto, os casos existem, e em casos pontuais verifica-se esta problemática.

2. Quais as causas para a prática desta temática?

Quanto as causas, temos que pensar que o problema vem sobretudo dirigido a uma insegurança, quer do agressor, quer do agredido.
A vítima demonstra mais essa insegurança e dai ser apetecida pelo agressor, provocando uma sensação de mal-estar e falta de aceitação.

3. E as consequências?

A vítima para além da insegurança irá provavelmente sofrer de auto-estima ansiedade e com consequências no âmbito social, escola e profissional. Quanto aos agressores, poderão ser tomadas medidas legais que condenem estes actos reprováveis num simples regulamento interno da escola. Muitas vezes o risco do agressor e a falsa ideia de poder e admiração por estes actos.

4. Qual a relação entre a criminalidade e o Bullying na adolescência?

Não farei tanto essa relação, porque são temas distintos. Penso que a ausência de limites e de personalidade é que poderá levar o indivíduo mais longe ao ponto de cometer crimes.

5. Qual é o trabalho que o psicólogo desempenha para ajudar a ultrapassar este fenómeno?

O trabalho do psicólogo deverá sobretudo por começar pela sensibilização. A comunidade educativa deve promover relações inter-pessoais, ou inter-grupos. Na minha opinião e a nível do ensino básico, a formação cívica era um bom espaço para desenvolver este tipo de relações e criar programas de modo abranger não só da vítima e do agressor mas também pais e professores.

6. E os pais? Em que medida os pais podem intervir para esta problemática?

Os pais têm um papel muito importante. Se existir desde o berço o hábito de se falar sobre os temas e se o dia-a-dia do educando for tema de conversa, os problemas terão ajuda dos outros elementos do agregado familiar. Os pais por vezes não têm a formação adequada para este tipo de problemas e banalizam ou dramatizam a situação em vez de tomarem a atitude certa que será procurar uma especialista. O facto de este problema existir não significa que os pais tenham que culpar e a culpabilização pode ser grave ao ponto de levar à depressão ou à projecção da culpa para outras pessoas ou instituições.

7. Na sua opinião, deveria haver um maior acompanhamento especializado?

Apesar haver em termos quantitativos muitos casos, esse apoio terá que existir, porque os casos podem existir e não serem revelados.

8. Deveria ser divulgado?

Acho, porque devemos estar mais atentos .. , mas sensibilizar para um problema que poderá ter maiores porpoções

Dra. Márcia

Profissão: Assistente Social

1. É frequente no seu trabalho lidar com situações de bullying?

Não muito, mas nos ultimos tempos com a divulgação do assunto, têm-se verificado alguns casos. No entanto, o aumento dos casos não foi significativo.

2. Em que é que consiste o trabalho de uma assistente social para combater ou evitar esta problemática?

Nós procuramos sobretudo ajudar através de dialogo e tentar perceber o que levou o agressor ou a vitima a entrarem num problema cujos pais, amigos, familiares e restante comunidade escolar têm um papel importante.

3. Como é que determinados agentes sociais como a Escola ou a Familia podem influenciar na questão do Bullying?

Ambos têm o seu papel. A escola tem dever de prevenir e sensibilizar para que este problema não adquira porporções maiores. Por outro lado, os familiares, nomeadamente os pais, devem tentar perceber o que se passa com o aluno. Mas a melhor solução será a consulta de um profissional capaz de resolver a situação.

4. Na sua opinião o que leva os agressores a praticar o Bullying?

Penso que o principal problema prende-se com a personalidade de cada um. No entanto, problemas na educação dadas as pessoas influencia o rumo e a personalidade de cada um.

5. Acha esta tematica actual ?

Sim, cada vez mais se fala no Bullying e a sensibilização para o problema é cada vez mais actual e dá mais força de divulgar.